A Família Mitchell e a Revolta das Máquinas (2021), ao contrário do Aranhaverso, não merece um Oscar

Bem animado, porém ruim.

O roteiro é infantil, repleto de piadas sem graça e forçadas, conveniências de roteiro... nem sei por onde começar.

A ideia de fazer um filme à lá 1984, com uma espécie revolução ditatorial e totalitária das máquinas de IA (cujo nome "Pal" é uma clara alusão à Alexa, da Amazon) é boa e tinha tudo para dar certo: animação, música, cenário... mas deu zebra porque, literalmente, todo resto é péssimo.

O filme começa introduzindo a protagonista Katie, que é uma aspirante à cineasta aficcionada pelo que faz. Ela basicamente entra pra faculdade de cinema e, enquanto ia para lá, uma tecnologia nova estava sendo apresentada em outro lugar e aí começa a trama de fato.

Bom, a Katie é a melhor personagem do filme, senão a única com o mínimo de desenvolvimento. A mãe não tem nada de relevante, o garoto gosta de dinossauros... enfim, ambos inúteis.

Isso porque eu não falei da família Posey, a qual foi dada um considerável enfoque, mas não fizeram absolutamente nada.

O romance do garoto, que surgiu na cena da loja, foi esquecido durante o filme inteiro. Qual o papel exatamente da família Posey nesse filme além de mostrar que eles tem "vizinhos que parecem legais mas não são"?

Porém, o pai é a engrenagem central desse filme. Por ele ser um naturista fanático, cancela o voo da garota e faz todos viajarem. Sem ele, tanto a Katie quanto toda a família seriam pegos pela Pal.

Foi ele quem a ensinou a dirigir (apesar de ela não ter feito absolutamente nada além de destruir robôs e ainda conseguiu ser pega), salvou o mundo por meio de uma chave de fenda...

Sim, o pai da protagonista é mais importante do que a própria. Na verdade, talvez até o cachorro tenha sido mais importante do que a Katie.

Devemos dar crédito a ela pela ideia de se fantasiar de robôs para entrar, então esse foi um ponto relevante, além de, é claro, ter feito vídeos que ajudassem o pai a salvar o mundo.

Fora os momentos constrangedoramente clichês, como o de cantar a musiquinha em família depois que tudo acaba bem, ou o "discurso de moral" da Katie, que a Pal cagou e andou (outra cena inútil).

Tudo bem que é um filme mais infantil, porém eles poderiam ter se empenhado mais no desenvolvimento.

Por essa falta de profundidade, não achei nenhum dos personagens cativantes fora a Katie, ainda que o humor dela seja restrito à "linguagem da nova geração".

No mais, esse filme não acrescenta em nada na experiência de quem já assistiu filmes de férias em família. Não sei como ele tem uma nota tão alta entre os críticos.

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