O motivo de Young Sheldon ser bom

Talvez uma das surpresas mais positivas que eu já tive foi conhecer, como admirador de "The Big Bang Theory", a prequela do original, "Young Sheldon".

Eu juro para você que eu não esperava achar que essa série fosse boa. Como já é de conhecimento geral, é comum que, ao criar uma série de sucesso, surjam vários derivados visando sugar o máximo de dinheiro dela, mas aqui é um caso a parte: Jovem Sheldon é superior a Big Bang em uma série de aspectos, seja em qualidade de roteiro, escolha de atores, música, atuação e, o mais chocante de tudo, em comédia.

Se, por um lado, assistir a um episódio de Big Bang sem trilha de risada era trágico, Young Sheldon deu a impressão de que Big Bang era uma série infantil e imatura em relação ao seu derivado.

É muito estranho pensar que ela foi lançada em 2017 com aquele estilo de seriado dos anos 2000 (à lá Sopranos) — provavelmente intencional, já que se passa nos anos 80 — numa época em que o HD com um filtro escuro de mal gosto da Netflix/HBO tomaram proporções absurdas.

Essa cinematografia me agrada porque remete a um estilo de vida propriamente americano, como em "Better Call Saul".

No início, você é introduzido aos personagens principais e, de certa forma, você já consegue perceber qual seria o papel de cada um na trama: o pai do Sheldon se preocupa mais com o seu filho mais velho, o George, do que os gêmeos, já que ele é treinador de futebol e seu filho está no time; o Billy é o "valentão" que, de certa forma, atormentava o Sheldon e o pastor Jeff, que é dotado da retórica e boa fala, um típico político.

Bom, por incrível que pareça, nenhum desses estereótipos são verdadeiros. Com o tempo, percebemos que, por mais que o Sheldon seja inconveniente, a família dele não o trata como se fosse estranho, tentando sempre se adequar ao seu jeito excêntrico tentando mostrar como as coisas verdadeiramente funcionam. O irmão dele, George, é o típico vadio que, de certa forma, deveria zoar o Sheldon, mas isso não ocorre, pelo contrário: muitas vezes, eles se ajudam, por mais que não sejam amigos. Ou então o pastor Jeff, que logo se mostra um excelente personagem (não um mero falastrão), ou o Billy, que virou amigo do Sheldon logo no início e tem momentos muito divertidos, mesmo que ele seja um pouco desprovido de intelecto. Isso nos mostra que criar personagens "rotulados" é uma forma pobre de escrever, algo que não vemos com Chuck Lorre.

Eu fiquei bem satisfeito com a chegada de Young Sheldon, porque antes dele, a escolha de atores para representar a família do Sheldon não era das melhores, como a mãe e a avó do Sheldon — hoje interpretadas pela Zoe Perry e Annie Potts, respectivamente. Após o lançamento, basta conferir quem interpretou George Cooper e o amigo de infância do Sheldon, Tam. São, literalmente, idênticos.

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